Inteligência artificial na advocacia: eu, advogado, devo me preocupar?

Em uma área que depende tanto do fator humano, falar de inteligência artificial na advocacia parece um contrassenso. Mas será que é isso mesmo?

O mundo está mudando. Preste atenção, por exemplo, em atividades que antes fazíamos de forma bastante sofrida e burocrática e que hoje bastam poucas interações em um app para que possamos resolver.

Essa realidade está chegando no mundo jurídico com velocidade. Hoje, no Brasil, já existem dezenas das chamadas “startups jurídicas”, que produzem e entregam soluções que automatizam algumas das etapas mais demoradas do processo.

Inteligência artificial para advogados

Diante desse cenário, nos vem o questionamento: como esse movimento interfere nos fazeres jurídicos e, principalmente, na vida e carreira dos advogados?

Robôs-advogados irão tomar o emprego dos advogados humanos?

Inteligência artificial na advocacia

Segundo consta em matéria publicada em maio de 2022 pela CNN Brasil, com informações da plataforma de dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o tempo médio de espera de tramitação na Justiça Brasileira chegou a dois anos e sete meses. É um recorde – negativo!

Sabemos exatamente quais são alguns dos principais aspectos que compõem essa estatística. Podemos citar aqui os elementos do processo legal, no que incluímos atividades cíclicas e repetitivas, como verificar legislação, jurisprudência, endereços e ainda registrar tudo isso em gigantescas resmas de papel que entram e saem dos tribunais.

 O movimento para tentar atribuir pelo menos parte dessas tarefas para robôs e programas especialistas já começou. Já falamos aqui das startups jurídicas, e são essas empreitadas que têm dado o tom dessa revolução.

 Já existem, por exemplo, soluções automatizadas que realizam mediação em disputas, chegando a acordos entre as partes em tempo recorde. Todo esse processo acontece por meio de chatbots dotados de inteligência artificial, a partir de dados inseridos no sistema pelo advogado do caso.

Inteligência artificial e novas tecnologias para advogados

Outro exemplo de algoritmo de IA sendo utilizado para fins jurídicos é o Ross, aplicativo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Toronto, especializado em pesquisa dentro de grandes bases de arquivos judiciais.

A partir de diretrizes de busca em processos, o Ross consegue varrer milhões de arquivos e retornar somente o que for relevante para a busca – tudo isso em poucos segundos.

Para advogados, a melhor estratégia é a adaptação

A (r)evolução tecnológica não tem freios. Nessa toada, advogados entrarão para a fila do desemprego?

A pergunta é válida, principalmente porque postos de trabalho (vulgo empregos de advogados) estão, sim sendo extintos em alguns lugares do mundo por conta da automação de algumas atividades jurídicas.

Apesar disso, não há motivo para pânico. Podemos considerar o fato da extinção de postos como algo bastante pontual e inconclusivo, uma vez que a atuação do advogado enquanto profissional do direito é fundamental para que qualquer robô consiga trabalhar.

O que é preciso internalizar é que as novas tecnologias, na forma de softwares, sistemas, plataformas e algoritmos de IA, existem apenas porque nós, humanos, queremos facilitar algum tipo de trabalho. São apenas e nada mais do que ferramentas ao nosso total dispor.

Sabendo disso, o advogado do presente e do futuro precisa ter consciência de que ele é o lado humano do processo, não importa quão “inteligente” seja o robô que ajuda a procurar por processos.

Cabe ao advogado se adaptar e se flexibilizar para conseguir utilizar a ferramenta da melhor maneira possível, e finalmente para que ele possa cumprir o trabalho – o seu trabalho de advogado.

Além de adaptação, habilidades

O advogado hoje precisa de algo a mais do que simples capacidade de adaptação às novas realidades digitais e flexibilidade para “compartilhar” parte de seu trabalho com os algoritmos.

Algumas habilidades são imprescindíveis nesse processo, em especial aquelas ligadas ao escopo amplo da análise. Neste caso, não apenas análise de casos e documentos, mas também – e principalmente – dos dados produzidos pelas aplicações. 

Esse universo todo faz parte de um ramo maior, que é a ciência de dados – um segmento da informática que hoje anda muito em voga.

O advogado do futuro próximo (ou do presente, para quem quer sair na frente) é um profissional multidisciplinar, que agrega as habilidades jurídicas clássicas a, quem sabe, conhecimentos de programação. Será que esse profissional é você?

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